Eis que depois de uma tarde de leituras sobre cibercultura, de pierre levy, o qual ele elucida as novas formas de producao de conhecimento que acabam pondo em xeque os modelos tradicionais de ensino, reparei que eu estava fazendo justamente o contrario do que estava estudando: continuava reproduzindo os mesmos moldes de transmissao de conhecimento.
entao me veio a seguinte inquietação: onde estao as atividades ludicas no contexto academico? por que abandonamos a ludicidade quando entramos na academia? atividades recreativas nao poderiam ser aliadas da luta contra o adoecimento docente?
Porque não tornamos nosso ambiente de aprendizagem um lugar mais legal?
Como disse, sou monitoria de um componente chamado educacao e tecnologias contemporâneas, e nesse semestre iremos enfatizar a importancia do software livre e seus recursos. as aulas ocorrem no periodo notumo, e os estudantes, em maioria, sao estudantes trabalhadores. Trabalhar e estudar não é facil, muita gente já chega aqui cansada e isso é totalmente compreensivel. Esse componente é optativo em vários cursos, ou seja, a galera que cursa é totalmente aleatoria. Tem gente de letras, de computacao, pedagogia, BI (saudades !!!)… então o pessoal ainda não tem muito vinculo afetivo, justamente porque acabaram de se conhecer. pensando nesse cenario [ curso noturno – estudantes trabalhadores – aproximacao recente da turma- comp optativo – necessidade de atividades ludicas – desconhecimento do tema software livre] resolvemos, eu e a prof Salete, realizar dinamicas durante alguns momentos.
quando cursei a disciplina, nao fazia ideia do que era software livre. nao conhecia as logos, nem suas potencialidades, nem nada na real. infelizmente essa minha leitura nao é muito diferente dos estudantes. Inclusive, aplicamos um questionario o qual havia a seguinte pergunta “voce conhece essas imagens?” – colocar imagens- , e 56 de 100, disseram conhecer apenas as logos do sistema proprietario. Entao me vieram mais perguntas: como faze-los conhecer, previamente, os icones do SL? como nao ser conteudista e academicista, ainda mais no inicio do semestre, para ampliarmos as leituras sobre contexto tecnologico? como despertar e plantar a semente da curiosidade sobre o software livre?
eis que surge a ideia de fazer um jogo da memoria,a partir do uso das imagens dos recursos livres. cada imagem corresponde a seu nome,ou seja, o pinguim e o touro, se ligam ao linux e ao gnu, por exemplo. No total, foram 10 imagens relacionadas a 10 titulos. são elas: linux, gnu, opensource, duckduckgo, firefox, php, audacity, inskape, emule e gimp. Quem acerta joga novamente, e ganha quem acertar relacionar o maior numero de cartas possiveis.
primeiro testei com minhas amigas, e elas adoraram. foi divertido ve-las jogar e lembrar do tempo em que eram criancas. o mais interessante é que elas conseguiram gravar todos os icones de jogo, e no final, elas me encheram de perguntas sobre cada um dos icones, sobre o uso do linux, sobre a importancia de nao utilizar o software propŕietario e o porque que as pessoas ainda continuam utilizando. nao sei se consegui responder todas as inquietacoes, porem acredito que elas ficaram um tanto desconfiadas sobre o destino de seus dados na rede, e impressionadas com esse outro lado do ciberespaço o qual elas nao conheciam, apesar de estarem sempre online.
Entao levei o jogo para as aulas de edc287. em ambas as turmas, a maioria dos alunos e alunas reconheceram o firefox, e alguns lembraram do emule. É possivel relacionar as imagens por asssociação tambem. 15 pessoas jogaram: thaillyne, lucia, isabela, milena, erick, maria luisa, lucas, joseane, jorge, kevin, ivan, diego, quatorze e quinze. algumas pessoas associaram o duckduckgo por tradução, outras associaram as imagens aos titulos por associacao mesmo. por exemplo, o gimp, é um programa de edição de imagens, e sua logo é um cachorro com um pincel na boca. Então acredito que seja possível jogar sem saber absolutamente nada de software livre.
Me dei a liberdade de transcrever alguns relatos: “duckduckgo é pato em ingles. é tipo google, né?” “eu lembro do emule!ja baixei muita musica nele.” “linux é tipó microsoft?” “eu posso usar o google tendo o linux?” “inskape é tipo photoshop?”.
Reparei tambem que geralmente as pessoas relacionam os recursos livres aos privados. Penso que seja uma forma de reconhece-los mesmo. O chato é que parece que as plataformas proprietarias adquiriram o nivel de normatizaçao tao grande que praticamente monopolizam as redes. É como se elas fossem a matriz!!
o mais curioso que pude observar é que, no final do jogo, os participantes faziam questao de ressaltar que haviam gravado todas as imagens e seus respectivos nomes. Pelo que eu me lembro, acho que em todos os grupos alguém veio me mostrar que havia gravado os icones. Bem legal isso.
entender é limitado 